
A exposição digital Agrotóxicos: Fronteiras Invisíveis é uma iniciativa do IPSA – International Pesticide Standard Alliance, em parceria com o CIRAT – Centro Internacional de Água e Transdisciplinaridade e a OAK Foundation. Seu objetivo é sensibilizar a sociedade para a urgência de um marco regulatório internacional, no âmbito da ONU, diante da insuficiência das convenções atuais e do uso contínuo dos Pesticidas Altamente Perigosos (Highly Hazardous Pesticides - HHPs). Produtos muitas vezes proibidos em países do Norte Global que continuam sendo produzidos e exportados para o Sul Global, aprofundando desigualdades e expondo comunidades inteiras a riscos graves. O uso intensivo de agrotóxicos não se limita às lavouras: ele contamina rios, animais, florestas e pessoas. Seus resíduos se acumulam, atravessam fronteiras e comprometem a saúde humana, provocando doenças e mortes em escala alarmante, além de desequilibrar ecossistemas. A mostra está organizada em galerias que apresentam fragmentos de impactos do que os agrotóxicos vêm causando no mundo, apenas pontas de icebergs muito maiores. São exemplos reunidos a partir de pesquisas científicas para evidenciar que esses venenos não reconhecem barreiras: atravessam alimentos, águas, saúde humana. Para os agrotóxicos as fronteiras são invisíveis. A exposição termina apontando para futuros. Pois, ao mesmo tempo, tal como a árvore que nasce e cresce silenciosamente, também existem mundos que apontam para futuros possíveis — já sendo plantado e produzido sem agrotóxicos, com justiça e saúde.
A Aliança Internacional para Padronização de Agrotóxicos (IPSA, da sigla em inglês) é uma iniciativa global dedicada ao fortalecimento de padrões internacionais para o uso de pesticidas, promovendo práticas agrícolas sustentáveis e protegendo a saúde humana e ambiental frente ao uso indiscriminado de agrotóxicos. Em um contexto de crescente preocupação mundial com a contaminação dos solos, da água e da cadeia alimentar, o trabalho da IPSA assume papel estratégico ao integrar ciência, políticas públicas e sociedade civil em torno de um objetivo comum: a padronização internacional dos agrotóxicos (quanto às substâncias autorizadas, limites de resíduos e formas de aplicação) e de medidas urgentes para o banimento dos HHPs (AAPs - Agrotóxicos Altamente Perigosos) de forma global. A trajetória da IPSA tem sido marcada por relevantes marcos institucionais. Entre eles destacam-se duas conferências internacionais de grande impacto: a primeira realizada no Congresso Nacional em Brasília, reunindo pesquisadores, parlamentares, governo federal brasileiro e movimentos sociais; e a conferência no Parlamento Europeu, em Bruxelas, que ampliou o diálogo político entre diferentes blocos regionais e consolidou a necessidade de alinhamento de normas internacionais. Essas conferências não apenas fortaleceram o debate público, mas também geraram resultados concretos. Um deles foi a elaboração da Carta de Bruxelas, [JR1] documento que reúne princípios, diretrizes e compromissos assumidos por diversos atores internacionais em prol da redução do uso indiscriminado de agrotóxicos e da transição para modelos de produção agrícola mais seguros e sustentáveis. Outra contribuição fundamental da IPSA é a publicação de seu livro, que congrega autores relevantes internacionalmente e de diferentes campos de atuação e do conhecimento, como: juristas, legisladores, ambientalistas e acadêmicos. Essa obra representa não apenas um repositório de conhecimento técnico, mas também um instrumento de sensibilização e engajamento para a formulação de políticas públicas para agricultura e produção de alimentos. A exposição virtual da IPSA tem, portanto, o propósito de apresentar ao público global o percurso dessa iniciativa, suas ações, resultados e sua relevância para o futuro da produção agrícola, da segurança alimentar, da saúde humana e dos ecossistemas. Ao reunir informações sobre conferências, publicações e documentos estruturantes, a exposição reforça a importância da criação de um standard internacional para agrotóxicos, essencial para proteger a biodiversidade, assegurar a qualidade dos alimentos e preservar a saúde das populações. IPSA - International Pesticides Standard Alliance
IMPACTO
NA NOSSA
Comida
É nos alimentos que a aplicação de agrotóxicos é mais evidente, pois é neles que a maioria das pessoas reconhece sua presença. De fonte de vida e nutrição, eles tornam-se também veículos silenciosos da contaminação. Mas não são apenas os alimentos que sofrem: os polinizadores, essenciais para a existência dos frutos, como as abelhas, também são atingidos por esses venenos, correndo risco de desaparecer — e, com eles, parte fundamental da vida que sustenta a nossa própria alimentação.





Mel
Um estudo do Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas (CPQBA) da Unicamp detectou agrotóxicos acima do limite em mel e cera de abelhas, das 40 amostras analisadas seis tinham a presença de glifosato acima do limite legal permitido, e nas ceras, foram detectados um ou mais agrotóxicos em 90% das amostras.
O glifosato mesmo em doses pequenas têm efeitos nos neurônios e no comportamento das abelhas. O produto, que foi encontrado no mel acima de limites aceitáveis para a comercialização, pode afetar a memória associativa prejudicando seu retorno para a colmeia, o que acarreta na sua morte.⁴
NO

NO
Milho
O México é o centro de origem genética e de diversificação do milho no mundo. Foram identificadas 64 raças de milho, que representam milhares de variedades nativas, cultivadas não em monoculturas, mas sim em ecossistemas agrícolas diversificadas conhecidos como "milpa". Tal diversidade faz parte do patrimônio biocultural das comunidades camponesas e indígenas.⁵
O uso do glifosato no cultivo do milho correspondeu a 35% do seu uso no México em 2020. A maior parte do glifosato é importada dos Estados Unidos e da China.
Policultura
tradicional de sistemas milpa
usam herbicidas
11%
12%
usam inseticidas
usam inseticidas
13%
usam herbicidas
68%
Monocultura convencional
de milho

O Valle del Mayo é uma importante área agrícola no noroeste do México, onde até 20.000 L de uma mistura composta de glifosato e tordon são usados por ano apenas para eliminar a grama nos canais e drenos de irrigação.
Foi demonstrado que, nas comunidades do Valle del Mayo, concentrações de 5 μg/L de glifosato podem ser encontradas em poços privados e que os trabalhadores que consomem essa água tendem a adoecer com mais frequência do que aqueles que bebem água do sistema de abastecimento.⁸
Estudos sobre a dose externa revelaram que os trabalhadores agrícolas ingerem até 146 mg/kg/dia. 53% dos trabalhadores apresentaram dano celular (teste de micronúcleos); o tempo de exposição aos pesticidas na população do Vale do Mayo pode induzir alterações que podem causar danos crônicos.⁹
VALLE DEL MAYO/MEXICO

Com base nas estatísticas de dados da FAO em 2016, a China foi a líder mundial na produção de legumes e frutas (FAO, 2016), com 39% da produção mundial.¹⁵
As amostras de vegetais e frutas com as maiores porcentagens de HHPs que excederam os LMRs foram encontradas em berinjelas de Guangxi (20%) e uvas da Mongólia Interior (12,5%), respectivamente.¹⁴
18 HHPs foram detectados em 325 (4,96%) amostras, e os níveis de HHPs em 103 (1,57%) amostras foram superiores aos limites máximos de resíduos (LMRs) da China.
6.554 amostras de frutas e verduras coletadas em 31 regiões da China entre 2014 e 2017.


Peras
NAS
Em uma pesquisa de dois anos (2013-2014), os níveis de 104 pesticidas foram medidos em 310 amostras de pêras. Em 93,2% das amostras, foram detectados 43 pesticidas. Apenas 6,8% das amostras não continham resíduos.
Os níveis máximos de resíduos (LMRs) foram excedidos em 2,6% das amostras. Resíduos múltiplos (dois a oito compostos) estavam presentes em 69,7% das amostras; uma amostra continha 10 pesticidas.
Um risco agudo potencial foi demonstrado para crianças no caso da bifentrina, presente em 105,36% do valor da dose aguda de referência.¹³
CHINA/ÁSIA

Arroz
NO
No arroz de campos de Java, Indonésia, que se desviaram das diretrizes para boas práticas agrícolas recomendadas pela FAO, foram identificados sete pesticidas altamente perigosos (HHPs) diferentes, com dois excedendo os limites globais em até 200%.
Foram identificados os pesticidas bifentrina e tebuconazol que não são normalmente utilizados na região, o que levanta questões sobre sua origem e o potencial de contaminação cruzada.¹⁰
INDONÉSIA

Metalaxil, clorpirifós e tiametoxam foram os pesticidas mais frequentemente detectados, com violações notáveis atribuídas ao clorpirifós e à propargita, refletindo práticas de aplicação inadequadas e não conformidade com os intervalos pré-colheita.¹¹
EGITO/ÁFRICA
Bananas
NAS
57 amostras de banana coletadas nos mercados locais das Ilhas Canárias (Espanha).
O clorpirifós foi detectado em 88% das amostras (50)
Duas amostras contendo fenitrotiom estavam acima dos limites máximos de resíduos estabelecidos pela UE.¹²
ESPANHA/EUROPA
Resíduos de pesticidas em bananas nas principais regiões do Egito entre 2021 e 2023
44.1%
das amostras continham resíduos detectáveis
9.9%
excedendo os limites máximos de resíduos

De 241 amostras de uva do Peru, coletadas em 2021 no escopo do Programa Nacional de Monitoramento de Contaminantes, 33,2% apresentaram resíduos de pesticidas acima dos limites máximos permitidos.¹⁶
No ano de 2013, um estudo em 45 amostras de uvas provenientes de diversas regiões do Peru encontrou em 68,9% de resíduos de pesticidas acima dos limites máximos permitidos pela União Europeia.¹⁷
PERU/AMÉRICA DO SUL
NAS
Uvas

Pesquisas do USDA de 2015 e 2016 , analisaram 1.174 lotes de morangos convencionais e resultam em:
99%
das amostras apresentaram resíduos detectáveis de ao menos um pesticida
30%
das amostras continham vestígios de 10 ou mais pesticidas.
A amostra que apresentou maior contaminação exibiu resíduos de 23 diferentes pesticidas.
Nos morangos em geral, foram identificados 82 pesticidas distintos, e com variadas combinações
Testes do Departamento de Agricultura analisam que os morangos são os alimentos frescos com maior probabilidade de serem contaminados com resíduos de pesticidas, mesmo depois de colhidos e lavados antes do consumo.
EUA/AMÉRICA DO NORTE
Morangos
NOS
Entre as substâncias perigosas estava o carbendazim, proibido pela UE, mas que foi detectado em 16% das amostras de morango.
Bifentrina, um inseticida considerado um possível carcinógeno humano pela EPA e reguladores da Califórnia, foi detectado em mais de 29% das amostras de morango.¹⁸
Testes de maçãs cruas conduzidos por cientistas do Departamento de Agricultura em 2023 encontraram difenilamina em 60% delas.
Como a difenilamina é pulverizada nas frutas após a colheita, os testes do USDA em maçãs a encontram com mais frequência e em concentrações maiores do que na maioria dos outros resíduos de pesticidas, com exceção do fungicida pirimetanil.¹⁹
EUA/AMÉRICA DO NORTE
Maçãs
NAS

NAS

Abelhas
Estudos relataram que os neonicotinoides encontrados no mel têm sérios efeitos negativos sobre o comportamento e várias funções das abelhas, incluindo o comprometimento da capacidade de voo, da função motora, dos ritmos circadianos, da fototaxia, da termorregulação e das funções de aprendizado e memória.²
O acetamiprido, o tiametoxame e o imidacloprido foram os três principais neonicotinoides dominantes no mel do mercado chinês, com frequências de detecção de 92,6%, 90,4% e 73,4%, respectivamente.
Os neonicotinoides e seus metabólitos foram detectados em 97,9% de 94 amostras de mel selecionadas no mercado chinês. Os resíduos afetam a saúde das abelhas.³
CHINA/ÁSIA
A Anvisa divulgou os dados do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para) de 2017 a 2018 tendo sido analisadas 4.616 amostras de 14 alimentos e coletadas de 77 municípios do Brasil, representando estatisticamente o consumo desses alimentos no país.
Dos 14 alimentos analisados, cinco apresentaram amostras com possibilidade de risco agudo: abacaxi, batata-doce, goiaba, laranja e uva.
O carbofurano foi o agrotóxico mais relacionado às amostras de alimentos com risco agudo. O uso desse agrotóxico está proibido pela Anvisa desde abril de 2018.
A laranja foi o alimento com o maior número de amostras em que foi detectado risco agudo, com um total de 26 (6,8%) amostras entre 382 analisadas, principalmente por causa do agrotóxico carbofurano.²⁰
BRASIL/AMÉRICA DO SUL
Laranjas
NAS
Na pesquisa do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos em 27 estados do Brasil (2013 a 2015), foi encontrada uma amostra com resíduo de etefom em abacaxi em situação de potencial risco agudo. O resíduo foi detectado em concentração acima do limite máximo recomendado.²¹
BRASIL/AMÉRICA DO SUL
Abacaxis
NOS

IMPACTO
NA NOSSA
Água
Nesta galeria, quem nos recebe são as borboletas — frágeis viajantes que, ao pousarem sobre flores e fontes d’água, nos lembram da delicadeza e da interdependência da vida. Aqui é possível ver como os agrotóxicos penetram no ciclo da água: infiltram-se nos solos, seguem com as chuvas, correm pelos rios, alcançam os oceanos, contaminam geleiras e percorrem o corpo dos animais. Como bioacumuladores, seus resíduos não se restringem aos alimentos produzidos; eles se expandem e circulam pelo planeta, chegando a lugares inimagináveis. A água, essencial à vida, torna-se espelho de que não existem fronteiras para os agrotóxicos.

Borboletas
Na Inglaterra, a abundância total de espécies de borboletas diminuiu 58% em terras cultivadas onde são usados pesticidas neonicotinoides (entre 2000 e 2009), apesar da duplicação dos gastos com conservação no Reino Unido. Os índices de 15 das 17 espécies mostraram associações negativas com o uso de neonicotinoides.¹
Wall Brown
Lasiommata megera
Small Skipper
Thymelicus sylvestris
-64%
Essex Skipper
Thymelicus lineola
-67%
Small Tortoiseshell
Aglais urticae
-62%
-37%
*Espécies na tendência populacional de 10 anos (2000–2009)
NAS

Foram analisados 14 pesticidas e 5 produtos de degradação em águas pluviais de 3 cidades do Estado de São Paulo com diferentes usos do solo. 3 inseticidas e 2 produtos de degradação de inseticidas apresentaram alto quociente de risco, indicando que a água da chuva, por si só, é uma fonte de contaminação por pesticidas.²
100%
das amostras continham atrazina e tebuconazol.
das amostras apresentadas Fipronil, permitido no Brasil mas já proibido na Europa e EUA
67%
Chuva
NA
BRASIL / AMÉRICA DO SUL

NO
Solo
Somente 32% dos pesticidas pulverizados atingem as plantas-alvo, enquanto 49% caem no solo e 16% se espalham pelo ar para as áreas vizinhas. Na UE, a pulverização aérea de pesticidas é proibida desde 2009.³
Glifosato que pode ligar-se fortemente aos cátions adsorvidos ao solo e o Paraquat é altamente solúvel em água, o têm efeito quelador de minerais e impacta a fertilidade dos solos onde são aplicados.⁴
A degradação causada pelo uso de agrotóxicos induz um ciclo vicioso de dependência de insumos químicos.⁵

Rios
NOS
BRASIL / AMÉRICA DO SUL
Os níveis de glifosato permitidos em água no Brasil são 5 mil vezes superiores aos da União Europeia.⁶
46,15%
Em um estudo envolvendo análise de água em sete comunidades do Cerrado, em sete estados brasileiros, em pontos escolhidos devido à sua importância para seu uso, foi identificado ao menos um resíduo de agrotóxico em todas as amostras coletadas.

dos pesticidas encontrados são proibidos na União Europeia (Atrazina, Ciproconazol, Epoxiconazol, Fipronil, Metolaclor, Picoxistrobina)
Na União Europeia, a pulverização aérea de pesticidas foi proibida desde 2009, com base no fato de ser prejudicial à saúde humana e ao meio ambiente.
Nos territórios participantes da pesquisa-ação foram identificados, no total, 13 IAs nas amostras de água coletadas. Todos possuem uso autorizado para a soja no Brasil, embora muitos deles sejam banidos pela União Europeia (UE) pelo fato de serem altamente tóxicos ou perigosos ao ambiente e à saúde da população.
O glifosato foi detectado em todos os 7 estados. Em Tocantins, foi detectado em 100% dos pontos no primeiro ciclo, evidenciando sua ampla presença nas diferentes fontes de água analisadas, como rios e riachos, e na água coletada nas residências das comunidades.⁷
Oceanos
NOS
AUSTRÁLIA / OCEANIA
A Grande Barreira de Corais (GBR) é o maior ecossistema de recifes de coral do mundo e um Patrimônio Mundial que enfrenta sérias ameaças de várias pressões, entre elas o desenvolvimento costeiro.⁸
Área de captação da Grande Barreira de Corais (GBC) consiste em 35 bacias que drenam para a lagoa da GBC, ao longo de aproximadamente 2.000 km da costa leste de Queensland, Austrália, onde a agricultura é o uso dominante da terra (~77%).⁹
Ingredientes ativos (IAs) de herbicidas, inseticidas e fungicidas que foram detectados em bacias hidrográficas e na zona marinha costeira da GBR são derivados principalmente de usos agrícolas da terra.¹⁰


Amostras de gordura de 3 orcas e 77 focas foram coletadas no Oceano Antártico e analisadas quanto a bifenilas policloradas (PCBs), pesticidas organoclorados (OCPs) e éteres difenil polibromados (PBDEs). Os PCBs e os clordanos foram os poluentes orgânicos persistentes (POPs) mais abundantes encontrados.
Focas e Orcas
NAS
Foi observada uma tendência de aumento das concentrações de PCB e OCP com o aumento do nível trófico, desde o krill até a orca. Os POPs são influenciados por variações no habitat, na dieta e nas transformações metabólicas.

NOS
Peixes


Cerca de metade das terras florestais de New Brunswick, no Canadá, foi tratada com DDT entre 1952 e 1968. DDT foi observado em truta (Salvelinus fontinalis) em níveis que representam riscos ecológicos aproximadamente 50 anos após a aplicação aérea.
Em média, os DDTs na truta dos lagos afetados excederam em cerca de dez vezes as diretrizes ecológicas para consumidores de biota aquática.
As aplicações aéreas de DDT provavelmente aumentaram o risco de efeitos crônicos nos ecossistemas aquáticos desse pesticida, devido à sua alta persistência no solo e nos sedimentos e ao seu potencial de bioacumulação na cadeia alimentar. ¹⁵
NEW BRUNSWICK / CANADÁ
Entre os países da África Ocidental, Benin é conhecido como o principal produtor de algodão. Altos níveis de DDT, endosulfan, dieldrin e heptacloro foram detectados nas águas próximas a locais agrícolas (Agbado (Savalou), Atacora e Djona).¹²
O endosulfan é o pesticida mais usado (75% do volume total) na bacia produtora de algodão do rio Alibori, em Benin.¹³
Os pesticidas agrícolas prejudicam significativamente a regulação endócrina e a capacidade de reprodução dos peixes que vivem na bacia do algodão de Benin.¹⁴
BENIM / ÁFRICA

NOS
Ursos Polares
Uma vez que os OCPs e PCBs se acumulam ao longo da cadeia alimentar, na região ártica os ursos são atingidos por se alimentarem de focas, que por sua vez armazenam essas substâncias no tecido adiposo.
Essa exposição está associada à redução da densidade óssea em ursos polares, o que pode comprometer a mobilidade e aumentar a probabilidade de fraturas ósseas no animal.
Os organoclorados têm se acumulado no Ártico devido ao transporte atmosférico para o norte.¹⁶

NAS
Geleiras
As geleiras podem ser um reservatório de OCPs, PCBs e PBDEs que foram transportados pela atmosfera até o Ártico. Como o derretimento das geleiras é significativamente acelerado hoje em dia devido ao aumento do efeito do aquecimento global, espera-se que as cargas de POPs para o ambiente circundante aumentem muito. ¹⁷
POPs presos no gelo podem ser liberados para o ambiente durante o degelo da primavera, causando sua bioacumulação nos organismos antárticos.¹⁸
O derretimento de geleiras alpinas foi considerado uma importante fonte de OCPs em sedimentos e mexilhões (durante 2005) de lagos na Itália e Suíça.¹⁹
Além disso, o derretimento das geleiras fornece de 50% a 97% dos aportes de OCP para o lago Bow, em Alberta, Canadá, e foi considerado uma provável fonte de DDTs no ecossistema marinho antártico.²⁰
IMPACTO
NA NOSSA
Saúde
O ciclo dos agrotóxicos encontra no corpo humano um de seus percursos mais disruptivos. Os primeiros impactados são os trabalhadores e trabalhadoras rurais, expostos diariamente a substâncias tóxicas que provocam desde intoxicações agudas até doenças crônicas graves. Mas os efeitos ultrapassam o campo: alcançam comunidades vizinhas, consumidores e populações inteiras por meio da água e dos alimentos. A saúde humana, assim, torna-se território central dos impactos invisíveis dos agrotóxicos.
3 de dezembro de 1984 na cidade de Bhopal na Índia, ocorreu o maior desastre químico registrado na história. A substância responsável pelo acontecimento foi o isocianato de metila (MIC), um pesticida altamente tóxico, que devido a diversas falhas e negligências de manutenção e segurança da fábrica, essa grande tragédia ocorreu, mas previamente diversos acontecimentos já tinham sido notificados.
A falha em válvulas desgastadas permitiu que água entrasse no maior tanque de MIC, desencadeando uma reação exotérmica incontrolável. A pressão crescente rompeu a estrutura de concreto, liberando uma nuvem letal de MIC e outras substâncias tóxicas, resultando em um vazamento de aproximadamente 40 toneladas de gás tóxico, sendo assim uma das maiores catástrofes industriais da história.¹
FOTOS DE MARTIN STOTT
BHOPAL/ÍNDIA
Impactos na saúde da população indiana
Os impactos na saúde humana foram catastróficos, de acordo com dados, após a explosão na fábrica aproximadamente 2.200 pessoas foram mortas de forma imediata causada pelo pesticida, gerando asfixia e queimaduras químicas no pulmão das pessoas.²
O Departamento de Reabilitação do governo de Madhya Pradesh, declarou que, das mais de 200.000 pessoas expostas, mais de 6.000 morreram e estima-se que cerca de 50.000 pessoas estejam sofrendo efeitos de longo prazo sobre a saúde.³
Milhares das vítimas sobreviventes sofreram sequelas permanentes, como cegueira, câncer, doenças respiratórias, problemas neurológicos e outras mais, a exposição contínua à água e ao solo contaminados tem sido associada a taxas mais altas de câncer, defeitos congênitos e doenças do sistema imunológico na população local.⁴
Impactos no solo e na água
Os impactos ambientais também foram devastadores e persistem até hoje, a contaminação do solo e a água subterrânea, causada pela fábrica, afetou milhares de moradores locais, pois a concentração de substâncias químicas perigosas continuam presentes décadas após o acidente. Relatos afirmam que desde de 1990 a comunidade se manifesta por água limpa, e vale ressaltar que em 1996 o governo local realizou testes na água e apontaram elevados níveis de contaminação, resultando em muitos dos poços tendo condições de potabilidade inadequada. De acordo com os resultados de coletas de amostras perto da área de formulação desse pesticida, concluíram que continham altos níveis de mercúrio no solo (12% do peso da amostra , o que indica milhões de vezes acima do normal ), sendo também identificados compostos orgânicos tóxicos como hexaclorobutadieno (HCBD) e hexacloroetano presentes no solo, outras amostras de água de poços próximos à fábrica indicaram níveis extremamente elevados de carbono tetracloreto (até 1700 vezes acima do limite da OMS para água potável)⁵

Saúde
Reprodutivas
NA
BRASIL/AMÉRICA DO SUL
Os pesticidas utilizados no Brasil são mais tóxicos do que os permitidos pela União Europeia, U.S. Environmental Protection Agency (EPA) e Internacional Agency for Research on Câncer (IARC), contribuindo para o aumento da vulnerabilidade a doenças crônicas, como câncer, disfunções endócrinas, reprodutivas e neurológicas.⁶
Hess e Nodari (2022) avaliaram a problemática da liberação de agrotóxicos no Brasil e ressaltam que dentre o volume total em toneladas de agrotóxicos, 67% são reconhecidamente tóxicos para a reprodução, funções hormonais, ou cancerígenos segundo a UE, USEPA e IARC.⁷
A saúde reprodutiva compõe um conjunto de conexões ecobiossociais que pode ser afetado pelos agrotóxicos. Neste sentido, cabem destacar o comprometimento da fertilidade masculina e feminina, levando à infertilidade; distúrbios gestacionais; abortos, malformação congênita; problemas no desenvolvimento fetal; contaminação do leite materno e do sangue do cordão umbilical; aumento da mortalidade fetal e neonatal; problemas posteriores para a saúde infantil.⁸
Agentes de Combate à Endemias que sofreram exposição química aos agrotóxicos se queixam de alterações na saúde sexual e reprodutiva. Casos de desregulação do sistema endócrino, alterando os níveis de hormônios, impotência, infertilidade, aborto, morte de prematuro e ainda, relatos de filhos com Síndrome de Down (SD) e Transtorno do Espectro Autista (TEA), com ocorrência de ambos os casos (SD com TEA) em uma mesma criança. Um casal que trabalhava manuseando o Temefós/Abate®, um larvicida organofosforado, tiveram um filho que nasceu com deformidades e diversos problemas de saúde, ficou internado por alguns dias, sendo mantido vivo por meio de aparelhos. A criança foi a óbito em pouco tempo.⁹

RIO GRANDE DO SUL/BRASIL
Uma pesquisa de doutorado em Saúde Pública e Meio Ambiente da Ensp/Fiocruz no município de Farroupilha-RS, observou que grande parte dos agrotóxicos apresenta capacidade de desregulação do sistema endócrino humano, o que altera os níveis de hormônios sexuais e causa efeitos adversos, principalmente sobre o sistema reprodutor. Câncer de mama e ovário, desregulação de ciclo menstrual, câncer de testículo e próstata, infertilidade, declínio da qualidade seminal e malformação de órgãos reprodutivos são alguns dos exemplos dessas complicações.
A tese investigou, no primeiro estudo, adultos de ambos os sexos, trabalhadores rurais e seus familiares, com idades compreendidas entre 18 e 69 anos. No segundo estudo, participaram da investigação jovens moradores rurais e urbanos, com idade entre 18 e 23 anos.
Na primeira etapa da pesquisa, os homens que trabalhavam há mais de 25 anos na agricultura e tinham maiores contatos com agrotóxicos apresentaram aumento de 14% na concentração de testosterona e redução de hormônio luteinizante (LH) de 20%.
No segundo estudo, as alterações nos níveis de hormônios sexuais estavam associadas às características de gestação e nascimento, com maiores níveis de exposição a agrotóxicos e com local de moradia. Quanto aos parâmetros espermáticos, a motilidade foi significativamente menor nos jovens rurais do que nos urbanos, naqueles que relataram contato com agrotóxicos autorreferido alto e nos que usavam fungicidas no momento da coleta.¹⁰
ARGENTINA/AMÉRICA DO SUL
A Argentina tem sido frequentemente citada como um dos países que mais utilizam agrotóxicos per capita no mundo. Cerca de 200 milhões de L de glifosato são aplicados todos os anos na Argentina, sendo o herbicida mais comumente usado no país, especialmente devido ao modelo de produção agrícola baseado na monocultura de soja transgênica.¹¹
Um estudo investigou a presença de resíduos de pesticidas em frutas e legumes produzidos nacionalmente na Argentina, a fim de avaliar o estado atual do mercado. Um total de 135 das frutas e verduras mais consumidas foram analisadas quanto à presença de 35 pesticidas. Os pesticidas foram detectados em 65% do total de amostras, em 56% acima dos limites máximos recomendados (LMRs). Cinco pesticidas foram detectados em frequências acima de 10%, sendo o mais alto o clorpirifós, em 25,9% do total de amostras. A dependência desses herbicidas, pequenos produtores relatam a dependência e aumento das dívidas devido ao custo elevado das sementes e herbicidas.¹²
QUÊNIA/ÁFRICA
Um estudo retrospectivo de pacientes envenenados internados no Kenyatta National Hospital entre janeiro de 2002 e junho de 2003 mostra que o tipo mais comum de envenenamento foi por pesticidas (43%). Os organofosforados, principalmente o diazinon, e os rodenticidas foram os dois pesticidas mais comuns.¹³
As crianças correm alto risco, pois apenas 15% dos agricultores armazenam os pesticidas longe delas, e menos de 1 em cada 6 agricultores usa equipamento de proteção ao aplicar produtos químicos.¹⁴
Pesticidas Altamente Perigosos
Os HHPs (Highly Hazardous Pesticides, ou Pesticidas Altamente Perigosos) segundo a classificação da PAN International (Pesticide Action Network) são identificados com base em múltiplos critérios relacionados à toxicidade para a saúde humana e ao meio ambiente.
A PAN International propôs uma definição consolidada de HHPs em 2009 (última atualização em 2021), que combina critérios de diferentes agências internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), Agência de Proteção Ambiental dos EUA (USEPA), Regulamentos da União Europeia (UE) e GHS do Japão.
Name | Description | Associated Diseases | Where it is Prohibited |
|---|---|---|---|
Thiamethoxam | Neonicotinoid insecticide toxic to pollinators, used on soybeans and corn. | Indirect health risk due to loss of biodiversity and environmental contamination. | Banned in open fields in the EU since 2018; restrictions in France, Germany, Italy. |
Endossulfano | Organochlorine insecticide banned in several countries due to high toxicity. | Neurological disorders, endocrine and reproductive effects, cancer. | Banned in more than 80 countries, including Brazil and the European Union. |
Methamidophos | Systemic insecticide used on cotton, tomatoes and other crops. | Neurotoxicity, nausea, muscle weakness, risk to fertility. | Banned in the European Union and in countries in Asia and Latin America. |
Carbofuran | Carbamate insecticide for agricultural use with high toxicity to birds. | Neurotoxicity, effects on the immune system and liver. | Banned in the European Union, Canada, and several African countries. |
Lindane | Persistent organochlorine insecticide, used in the past against lice and fleas. | Cancer, neurotoxic, immunological and reproductive effects. | Banned in the European Union, USA, Brazil, and listed as a POP by the UN. |
Chlorpyrifos | Organophosphate insecticide widely used in crops and fruits. | Cognitive impairment in children, neurological and respiratory problems. | European Union, USA, Canada; banned in Brazil since 2020. |
Paraquate | Non-selective, highly toxic herbicide used to control weeds. | Pulmonary fibrosis, acute respiratory failure, death by accidental ingestion. | European Union, China, Switzerland, several African countries. |
Glyphosate | Systemic herbicide widely used in transgenic crops. | Possible carcinogen, hormonal, liver and kidney disorders. | Banned or restricted in Luxembourg, Austria, France (transition), Germany (partial use). |
“O mercado de agrotóxicos em ascensão movimenta cerca de 60 bilhões de dólares por ano, mesmo que, a cada ano, 1 milhão de pessoas em todo mundo se intoxiquem de forma involuntária por meio do contato com tais substâncias (...) e atinge o planeta e a sociedade de modo desigual: as nações do Sul Global são as mais afetadas e, nelas, crianças, mulheres, povos indígenas, camponeses e trabalhadores rurais são os que mais sofrem.”
“(...) os Estados Unidos, a Europa e, mais recentemente, a China no topo do ranking dos maiores produtores e exportadores de agrotóxicos.
Mapa de exportação e importação
FONTE: Bombardi, Larissa Mies. Agrotóxicos e colonialismo químico. São Paulo: Elefante, 2023
MAPAS ABAIXO: Valdeir Soares Cavalcante Gonçalves
“(...) A Syngenta - companhia suíça adquirida pela ChemChina em 2017 - desponta como a maior exportadora de agrotóxicos no período (2017 a 2020), passando de 9 bilhões de dólares em 2017 para mais de 11 bilhões em 2020. Em seguida, aparecem as alemãs Bayer e Basf e a estadunidense Corteva, que em 2020 arrecadaram, respectivamente, 10 bilhões, 7 bilhões e 6 bilhões de dólares em exportações. Essas quatro companhias, junto com a indiana UP e a estadunidense FMC, detêm cerca de 80% do valor total de comercialização de agrotóxicos no planeta e venderam em 2020, juntas, mais de 43 bilhões de dólares desses produtos.”
Brasil, Argentina, Estados Unidos e China são os maiores consumidores de agrotóxicos produzidos e comercializados pelas empresas do Norte Global.
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Rumo a um Marco Global de Agrotóxicos para Eliminar os Agrotóxicos Altamente Perigosos (HHPs) 1. Contexto Os agrotóxicos perigosos estão profundamente enraizados na agricultura industrial, com impactos devastadores sobre a saúde humana e o meio ambiente. No entanto, faltam padrões globais eficazes para mitigar seus efeitos nocivos. Enquanto os países do Norte Global aplicam proibições rigorosas em nível regional para enfrentar riscos à saúde e ao meio ambiente em seus territórios, o Sul Global carrega desproporcionalmente o fardo da exposição a essas substâncias tóxicas, perpetuando desigualdades enraizadas em práticas coloniais. A industrialização da agricultura durante a chamada “Revolução Verde” falhou em cumprir sua promessa de erradicar a fome. Ao contrário, as vendas de agrotóxicos dispararam, enquanto a fome mundial permanece um problema persistente, afetando aproximadamente 10% da população em 2020. A indústria de agrotóxicos, avaliada em US$ 60 bilhões em 2020, causa graves danos ambientais e à saúde. A ONU estima que a exposição a agrotóxicos resulta em 200 mil mortes por envenenamento agudo todos os anos. Ainda assim, os atuais marcos internacionais — como as Convenções da Basileia, de Roterdã e de Estocolmo — falham em tratar adequadamente os impactos sanitários e ambientais dos agrotóxicos. Os países exportadores frequentemente se eximem de responsabilidade, transferindo os riscos para as nações importadoras, que sofrem as consequências sanitárias e ambientais devido a regulações mais frágeis e baixa capacidade de fiscalização. Em resposta a essa questão crítica, uma coalizão de instituições acadêmicas, organizações da sociedade civil e governos do Sul Global se reuniu no início de 2022 para estabelecer uma aliança internacional destinada a criar padrões globais para agrotóxicos. Entre seus objetivos está a eliminação das substâncias altamente tóxicas à saúde humana e ao meio ambiente, conhecidas como Agrotóxicos Altamente Perigosos (HHPs). Essa coalizão, chamada International Pesticide Standard Alliance (IPSA), foi oficialmente lançada durante a Conferência da ONU sobre Água, em março de 2023, em Nova Iorque. Nessa ocasião, foi publicada a Declaração de Nova Iorque, resumindo as propostas da IPSA. Em maio de 2024, no Fórum Mundial da Água, na Indonésia, a IPSA lançou o livro bilíngue *Impactos do Uso de Agrotóxicos e a Regulação Internacional*, reunindo contribuições de especialistas, juristas e cientistas. Em 27 de junho de 2024, durante sua primeira Conferência Internacional, realizada no Congresso Nacional do Brasil, a IPSA reuniu líderes globais da academia, do direito e da política para debater desafios, oportunidades e caminhos para o estabelecimento de um padrão internacional sobre agrotóxicos. Dando continuidade a esse processo, a IPSA, em colaboração com o Centro Internacional de Água e Transdisciplinaridade (CIRAT), a Fundação Heinrich Böll, o Ministério Público Federal (MPF), o Ministério Público do Trabalho (MPT) e o Partido Verde no Parlamento Europeu, com o apoio de mais de 30 instituições de cinco continentes, organizou a segunda conferência intitulada “Rumo a um Marco Regulatório Internacional para Agrotóxicos”, em 12 e 13 de dezembro de 2024. Realizada no Parlamento Europeu e no Escritório da Rede Europeia de Combate à Pobreza, a conferência avançou em compromissos políticos e estruturas voltadas à criação de padrões internacionais sobre agrotóxicos. Este documento, a Declaração de Bruxelas, sintetiza as propostas e recomendações apresentadas pelos principais palestrantes da conferência, entre eles o Relator Especial da ONU sobre Substâncias Tóxicas e Direitos Humanos, Dr. Marco Orellana, o Relator Especial da ONU sobre o Direito à Água e ao Saneamento, Dr. Pedro Arrojo, bem como diversos parlamentares, juristas e acadêmicos de diferentes partes do mundo. O principal resultado da Conferência de Bruxelas foi o reconhecimento e alinhamento de instituições e lideranças globais quanto à necessidade urgente de esforços coordenados e integrados. Isso inclui criar sinergias entre iniciativas em andamento e fortalecer a colaboração por meio de uma linha do tempo unificada. 2. Recomendações Principais É urgente a criação de um marco internacional equitativo e decolonial. As recomendações incluem: a. Eliminação global dos Agrotóxicos Altamente Perigosos (HHPs); b. Adoção de padrões mínimos uniformes, baseados em ciência, para resíduos em alimentos e água; c. Proibição global da pulverização aérea de agrotóxicos; d. Redução e eliminação progressiva do uso de agrotóxicos. 3. Um Tratado Internacional sobre Agrotóxicos Os participantes da II Conferência “Rumo a um Marco Internacional para Agrotóxicos”, realizada em Bruxelas, destacaram a necessidade urgente de um tratado vinculante sobre agrotóxicos, tendo como primeiro passo a eliminação global dos HHPs. Muitas organizações da sociedade civil e cientistas presentes já vêm atuando ativamente nesse objetivo. 3.1. Justificativa A ONU afirma que “a exposição crônica a agrotóxicos tem sido associada a câncer, doenças como Alzheimer e Parkinson, disfunções hormonais, distúrbios no desenvolvimento e esterilidade. Agricultores, trabalhadores rurais, comunidades próximas a plantações, povos indígenas, mulheres grávidas e crianças são particularmente vulneráveis à exposição a agrotóxicos e necessitam de proteção especial.” Além disso, os agrotóxicos agrícolas poluem significativamente o meio ambiente local e os recursos hídricos. Eliminar os HHPs é o primeiro e mais urgente passo para proteger a saúde pública, preservar o meio ambiente e alcançar a equidade global. O conceito de “colonialismo químico” evidencia a exploração de países do Sul Global, onde pesticidas proibidos por serem altamente tóxicos em seus países de origem são exportados, perpetuando dependência e injustiça ambiental. Isso reforça a necessidade de transição para práticas agrícolas sustentáveis, que assegurem soberania alimentar, saúde ambiental e enfrentem as desigualdades sistêmicas mantidas pelo modelo atual. 3.2. A Necessidade de Ação Global Um tratado internacional é necessário para harmonizar padrões de segurança elevados, apoiar a transição para práticas sustentáveis e responsabilizar as corporações pelos impactos de seus produtos na saúde e no meio ambiente. A atuação da sociedade civil e de cientistas — incluindo os esforços da Rede de Ação contra os Agrotóxicos (PAN) e da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) — reforça a urgência de uma ação coordenada para eliminar gradualmente os HHPs e reduzir a dependência de agrotóxicos. Experiências regionais, como as da União Europeia, demonstram que proibições, restrições e outras medidas de controle podem reduzir significativamente o uso de agrotóxicos. 4. Conclusão A eliminação dos HHPs é essencial para proteger direitos humanos fundamentais, incluindo o direito à vida, à saúde, à alimentação, à água e a um ambiente limpo, saudável e sustentável. Um tratado global representa um passo crucial para alcançar a justiça ambiental e promover a descolonização da agricultura. Esse compromisso coletivo permitirá que as nações avancem em direção a um desenvolvimento equitativo e verdadeiramente sustentável, assegurando saúde pública, resiliência ecológica, segurança alimentar e um futuro sustentável para as próximas gerações.
UM NOVO
Futuro
Chegamos à última galeria, que aponta para o futuro — um futuro ligado ao que é saudável, justo e enraizado na terra. Aqui vemos que já é possível alimentar o mundo sem o uso de agrotóxicos. São exemplos que valorizam a produção de alimentos saudáveis, o resgate de sementes, as técnicas indígenas, a relação justa com a terra e o protagonismo feminino na produção. Eles revelam que a agricultura do futuro pode estar firmada nos direitos dos trabalhadores, na justiça social e na preservação da natureza. O futuro já existe no presente e floresce onde a vida é cultivada com respeito — para nós e para as gerações futuras.
MST
BRASIL
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) é uma das maiores organizações populares da América Latina, com papel fundamental na luta por justiça agrária, na promoção da agroecologia e na construção de redes de solidariedade e resistência. Mais do que denunciar as desigualdades estruturais do campo, o movimento cria experiências concretas de transformação social e ambiental.
No Rio Grande do Sul, o MST é reconhecido como o maior produtor de arroz orgânico da América Latina, posição que ocupa há mais de uma década, segundo o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). Em 2021/2022, a safra cultivada por milhares de famílias camponesas alcançou 15,5 mil toneladas de arroz — cerca de 310 mil sacas de 50 kg — em uma área de mais de 3.100 hectares.
Essa produção é organizada por nove cooperativas de assentados, frutos da luta pela Reforma Agrária Popular. O arroz agroecológico do MST simboliza a força da agricultura camponesa e mostra que é possível produzir em larga escala alimentos saudáveis, livres de veneno e comprometidos com a vida e a justiça social.¹
FOTOS DE JOKA MADRUGA E JÚLIA DOLCE
Navdanya
ÍNDIA
A Navdanya, fundada em 1984 pela filósofa e ativista ecofeminista indiana Vandana Shiva, é um dos movimentos mais importantes da Ásia na defesa da soberania alimentar e da preservação de sementes nativas. Criado como resposta à expansão da agricultura industrial, o movimento promove a transição para sistemas agroecológicos sem agrotóxicos, baseados na diversidade produtiva e em relações justas com a terra.
Seu trabalho se expressa no resgate e conservação de sementes, com mais de 150 bancos comunitários espalhados por 22 estados da Índia, reunindo uma rede de 650 mil famílias agricultoras. A Navdanya já treinou cerca de 500 mil agricultores em práticas agroecológicas e mantém viva uma impressionante diversidade: 3.000 variedades de arroz, além de centenas de espécies de trigo, milheto, leguminosas e hortaliças.
A filosofia do movimento é a da Democracia da Terra, que reconhece a interdependência entre humanos, natureza e todas as formas de vida. Esse princípio orienta a “Fazenda Navdanya”, iniciada em 1994 no Vale Doon, no Himalaia, que hoje é referência em conservação de sementes, cultivo agroecológico e educação para a sustentabilidade.
Mais do que preservar a biodiversidade, a Navdanya afirma que a agricultura regenerativa pode alimentar o mundo, enfrentar as mudanças climáticas e proteger a saúde, sem destruir as tradições culturais e culinárias que sustentam a vida.²
Te Waka Kai Ora
NOVA ZELÂNDIA
Te Waka Kai Ora é a autoridade nacional Māori para alimentos orgânicos em Aotearoa (Nova Zelândia), responsável por guiar o sistema Hua Parakore, o primeiro modelo indígena de verificação de alimentos puros do mundo. Esse sistema incorpora valores Māori como mātauranga (conhecimento ancestral), tikanga (práticas culturais) e te reo Māori, assegurando alimentos e produtos sustentáveis, justos e enraizados em um conhecimento ancestral.
A certificação não se limita a alimentos: abrange também produtos como lanolina, plantas medicinais, óleos tradicionais, fibras e artesanatos derivados da terra, sempre com o compromisso de garantir pureza e respeito à cosmovisão Māori.
Mais do que um selo, o Hua Parakore é uma prática de decolonização alimentar e de fortalecimento da soberania alimentar Māori. Ele oferece um caminho próprio para produtores locais, comunidades urbanas e também para povos indígenas de outros países — como no Havaí — que já aderiram a esse modelo, construindo redes de colaboração e resistência em escala internacional.
O alcance do sistema também chega a políticas públicas e currículos educacionais, como na estratégia alimentar de Wellington (capital da Nova Zelândia), Te Anamata – Our City Our Future, que integra princípios Hua Parakore ao planejamento urbano e territorial sustentável. O sistema também atua como uma korowai, ou manto protetor, capaz de envolver e agregar certificações orgânicas convencionais, ampliando sua aplicação à agricultura regenerativa e destacando a singularidade indígena na produção de alimentos.³
Songhai Center
REPÚBLICA DE BENIN
O Songhai Center, fundado em 1985 em Porto-Novo pelo padre Godfrey Nzamujo, é uma das maiores referências de agroecologia na África. Seu modelo integrado alia a tradição dos saberes camponeses da África Ocidental — como consórcios de culturas, adubação orgânica e manejo de sementes — com inovações como biodigestores de biogás, piscicultura integrada, compostagem/aquaponia e secagem solar.
Tudo funciona segundo o princípio de “resíduo zero”, inspirado na iniciativa ZERI (Zero Emission Research Initiative), garantindo circularidade e sustentabilidade em cada etapa. Além do campo, o centro promove a ideia de “green rural towns”, vilas rurais autossustentáveis que unem produção, energia, educação e qualidade de vida.
Reconhecido pela ONU como Centro Regional de Excelência, o modelo foi replicado em mais de 15 países africanos, incluindo Benin, Nigéria, Libéria e Serra Leoa. Hoje, o Songhai é uma plataforma de autonomia e soberania alimentar, formando jovens empreendedores, fortalecendo comunidades locais e mostrando que o futuro da agricultura pode ser ecológico, justo e capaz de manter os jovens no campo.⁴
Sarvodaya Shramadana
SRI LANKA
A maior organização não governamental de desenvolvimento comunitário do Sri Lanka é o Movimento Sarvodaya Shramadana. O projeto engloba holística para o desenvolvimento, baseada na participação popular, autossuficiência e autossustentabilidade, que alcançou mais de 15.000 comunidades carentes no Sri Lanka.
“O Movimento Sarvodaya Shramadana do Sri Lanka consiste no principal órgão constituído, oficialmente conhecido como Lanka Jathika Sarvodaya Shramadana Sangamaya (Inc.), um grupo de unidades legalmente independentes que atendem a áreas específicas de atividades de desenvolvimento e às Sociedades Sarvodaya Shramadana (SSSs) em nível de aldeia. Em cada SSS há membros crianças (de 7 a 14 anos), membros jovens (de 14 a 25 anos), membros comuns (acima de 25 anos), membros vitalícios e membros convidados . Deste grupo, é formado um conselho executivo com 25 membros, 18 membros executivos e 7 anciãos’’.
‘’Nutrido pelo budismo, ricas filosofias asiáticas e sistemas de valores, juntamente com a moral gandhiana, o Movimento Sarvodaya Shramadana do Sri Lanka tem sido, nas últimas seis décadas, uma abordagem comprovada de desenvolvimento oriental para lidar com uma infinidade de desafios de desenvolvimento enfrentados por diversas comunidades no Sri Lanka.”
De acordo com o movimento, a abordagem de desenvolvimento abundantemente integra as "seis dimensões do despertar", ou seja, a expansão espiritual, moral, cultural, social, econômica e política.⁵
Red de Huertas Comunitarias Agroecológicas
AMÉRICA LATINA
A Red de Huertas Comunitárias Agroecológicas articula experiências em diversos países da América Latina — como Colômbia, Peru, Equador e Bolívia — reunindo hortas urbanas e rurais que cultivam autonomia e soberania alimentar. Nesses espaços, as mulheres lideram o cultivo, agindo como guardiãs de sementes nativas e transmissoras de saberes ancestrais, ao mesmo tempo em que fortalecem a organização comunitária e a diversidade biológica local.
Um exemplo real: na zona indígena Wayúu de Río Negro, mulheres Wayúu mantêm um jardim comunitário que produz milho, tomates, feijão e outras culturas, garantindo alimento, renda e acolhimento em meio à crise socioeconômica e à violência de gênero. Outro caso inspirador vem de Lima, com o Biohuerto Ayllu 21, uma horta urbana implementada em 2018 por mulheres na periferia de Villa El Salvador, que transformou um terreno abandonado em 1.400 m² de produção agroecológica e revitalização comunitária.
Esses espaços não servem apenas para produzir alimento — são ambientes de educação ambiental, intercâmbio de saberes e apoio mútuo, transformando terrenos, praças e quintais em pontos de reconstrução social e ecológica. Mostram assim que o futuro agroecológico se planta por dentro, com força feminina e raízes profundas nas comunidades.⁶
Anamuri
chile
A ANAMURI (Asociación Nacional de Mujeres Rurales e Indígenas de Chile) é uma organização civil autônoma, formada exclusivamente por mulheres, fundada em 1998 em Buin. Sua missão é fortalecer o protagonismo das mulheres rurais e indígenas, construindo relações equitativas de gênero, etnia e classe, e promovendo a soberania alimentar a partir das comunidades.
A associação destaca-se por criar redes de agroecologia feminina e por iniciativas como a Escola Nacional de Agroecologia “Sembradoras de Esperanza”, que desde 2015 capacita mulheres em práticas agroecológicas com perspectiva feminista. Essa escola está vinculada ao projeto do Instituto de Agroecologia das Mulheres do Campo (IALA), pensado como espaço permanente de formação e articulação.
Além da dimensão formativa, a ANAMURI também atua na esfera política: em 2022 apresentou à Assembleia Constituinte chilena uma proposta para incluir o Direito à Alimentação como direito fundamental, conectando agroecologia, feminismo e justiça social, e mobilizando amplo apoio popular.⁷
Agroflorestas Indígenas
BRASIL
Os povos indígenas brasileiros são pioneiros na prática da agrofloresta, um sistema produtivo que combina culturas agrícolas com árvores e espécies da floresta, garantindo equilíbrio ecológico e diversidade. Muito antes de a agrofloresta ser reconhecida como modelo agroecológico, povos como os Krahô (Tocantins), os Ashaninka (Acre) e os Kayapó (Pará) já cultivavam seus roçados em consórcios que alimentam as comunidades, preservam a biodiversidade e fortalecem a floresta em pé.
As agroflorestas funcionam como uma floresta cultivada: mandioca, milho, batata-doce e feijão crescem junto de frutas, castanhas e árvores madeireiras, criando áreas produtivas de longo prazo que regeneram o solo, mantêm a umidade, protegem os ciclos da água e garantem colheitas em diferentes épocas do ano. A diversidade das espécies favorece a ciclagem de nutrientes e torna o sistema mais resiliente a pragas, secas e mudanças climáticas.
Mais do que técnicas agrícolas, esses sistemas são expressões de cosmovisões indígenas, nas quais a terra não é mercadoria, mas território de vida e de reciprocidade. São práticas que unem produção de alimentos, preservação ambiental e fortalecimento cultural.
Hoje, esses saberes inspiram experiências agroecológicas em todo o mundo, mostrando que o futuro da agricultura pode estar enraizado em práticas ancestrais. As agroflorestas indígenas provam que é possível produzir em harmonia com a natureza, oferecendo alternativas concretas à agricultura baseada em monocultivos e venenos.⁸
FOTO DE LEILANE MARINHO
Referências
NA COMIDA
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NA ÁGUA
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Créditos
CURADOR
Tadeu de Brito
PESQUISA
Júlia Rodrigues Arcoverde Fechine
REVISÃO DA PESQUISA
Bruna Cesca Capelete
DESIGNER GRÁFICO E WEB
João Faissal
TRADUÇÃO
Bruna Cesca Capelete
ADMINISTRAÇÃO
José Ifran
AGRADECIMENTOS
Lena Luig, Fern Holland, Hawaiʻi Alliance for Progressive Action (HAPA), Christine Gatwiri, Harun Warui, Eric Mugendi (Africa Uncensored), Sarah Schneider, Major Venâncio, CELS - Center for Legal and Social Studies, Wagner Soares, Cirila Targhetta, Débora Calheiros, Gisela Moreau, Arnaud Apoteker, Sandra Kishi, Marcelo Montenegro, Pedro Luiz Serafim, Pedro Ivo, Roberto Carlos Batista, Thalita Verônica
IPSA
CURADOR CIENTÍFICO
Larissa Bombardi
SECRETÁRIO EXECUTIVO
Sergio Ribeiro
ASSESSOR EXECUTIVO
José Grossi
ASSESSOR DE COMUNICAÇÃO
Wagner Soares
JORNALISTA
Camila Grinsztejn
CIRAT
Diretoria Executiva
DIRETOR GERAL
Sergio Augusto Ribeiro
DIRETOR DE ASSUNTOS INTERNACIONAIS
Henk van Schaik
DIRETORA CIÊNTIFICA E ACADÊMICA
Carmen Regina Mendes de Araújo Correia
DIRETOR DE CULTURA
Tadeu de Brito Melo






























































